sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O CANOEIRO

Em um largo rio, de difícil travessia, havia um canoeiro
que atravessava as pessoas de um lado para o outro.
Em uma das viagens, iam um advogado e uma professora. Como quem gosta de falar muito, o advogado pergunta ao canoeiro:
- Companheiro, você entende de leis?
- Não, responde o canoeiro.
E o advogado, compadecido:
- É pena, você perdeu metade da vida!
A professora, muito social, entra na conversa:
- Seu canoeiro, você sabe ler e escrever?
- Também não, responde o canoeiro.
- Que pena!, condói-se a mestra, você perdeu metade da vida!
Nisso chega uma onda bastante forte e vira o barco.
O canoeiro preocupado, pergunta:
- Vocês sabem nadar?
- Não! responderam eles rapidamente.
- Então é uma pena, concluiu o canoeiro, vocês perderam toda a vida!

"Não há saber mais ou saber menos. Há saberes diferentes". (Paulo Freire)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

EJA - Uma reflexão importante

O que é Educação de Jovens e Adultos – EJA



A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade específica da Educação Básica que se destina à inclusão escolar de um público que, por motivos diversos, foi excluído da educação durante a sua infância ou adolescência devido à falta de vagas nas instituições de ensino, em virtude das inadequações do sistema de ensino e também pelas condições socioeconômicas desfavoráveis. Essas são razões importantes para a exclusão escolar dos jovens e adultos abrangidos pela EJA, mas
devemos estar atentos para as motivações que levam essas pessoas a, em determinado momento de sua vida adulta, ingressar ou retornar à escola.

Angélica Wiziack

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

DISCURSO VAZIO: AS EXPRESSÕES QUE O PROFESSOR USA SEM SABER O QUE SIGNIFICAM

Algumas expressões popularizadas no meio educacional são usadas hoje com um sentido muito diferente do que tinham originalmente, mostrando que muitos educadores estão se apoiando em idéias frágeis

Aprender brincando
Conceito original: Uma das maneiras de adquirir conhecimento, possibilitada por diferentes atividades, mas não essencial.

Conceito distorcido: Única maneira de adquirir conhecimento, possibilitada por diferentes atividades, e principal motivação para o estudo.

Origem
O aprender brincando surgiu em reação a antigas práticas escolares. Até a década de 1960, eram comuns os castigos físicos e as propostas de ensino que não consideravam os conhecimentos de crianças e jovens nem se preocupavam em envolvê-los em desafios que fizessem sentido para eles.

De fato, o processo de aprendizado nem sempre é fácil, mas resulta em satisfação. A criança aprende de muitas maneiras e com base em diferentes recursos: convivendo com os colegas, se comunicando com adultos e descobrindo seus limites em situações formais e informais.

Por que perdeu o sentido

 A difusão do "aprender brincando" ocorreu em oposição ao que é apresentado como difícil. "Passou-se de um extremo a outro, isto é, de uma aprendizagem com sofrimento para a brincadeira", explica Esther Pillar Grossi, professora e fundadora do Grupo de Estudos Sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação. A questão é isso ter se tornado a principal forma de ensinar e uma das motivações intrínsecas ao aprendizado. Desse modo, fica a impressão de que brincar é essencial para mediar as situações de ensino. "O dito em espanhol 'la letra con sangre entra' particulariza, para a alfabetização, a idéia de que aprender é algo muito penoso e desagradável", explica Esther.

No livro Os Jogos e o Lúdico na Aprendizagem Escolar, o professor Lino de Macedo, da Universidade de São Paulo (USP), afirma que o lúdico deve propor desafios ao estudante e encaminhá-lo para a construção dos conhecimentos, mas não significa necessariamente algo agradável na perspectiva de quem faz a atividade. "Se fosse só assim, poderíamos, por exemplo, vir a ser reféns das crianças ou condenados a praticar coisas engraçadas, mesmo que sem sentido."

O objetivo da escola é ensinar os conteúdos das diferentes disciplinas, e não necessariamente proporcionando divertimento o tempo todo. A aprendizagem gera conflito, exige que a criança fique instigada a buscar respostas a problemas apresentados a ela e levanta dúvidas. O que precisa trazer prazer é a satisfação de aprender, evoluir e se apropriar do conhecimento. "A máxima da escola não pode ser aprender brincando porque aprender é difícil - assim como ensinar", conclui Tereza Perez, diretora do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac).


Formar cidadãos
Conceito original: Objetivo da escola que se baseia no ensino dos conteúdos curriculares com a finalidade de preparar pessoas bem informadas e críticas.

Conceito distorcido: Objetivo da escola que se baseia em ações sociais e de preservação do meio ambiente com a finalidade de preparar pessoas conscientes de seu papel na comunidade.

Origem
A frase começou a se popularizar entre os professores em meados da década de 1980 como conseqüência da redemocratização brasileira. "O surgimento do sujeito crítico, criativo e participativo se deu, institucionalmente, com o renascimento da autonomia do país após a ditadura", afirma Maria de Lourdes Ferreira, docente da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, em Minas Gerais, e autora de diversos trabalhos sobre o tema. A Constituição de 1988 define cidadania como um dos princípios básicos da vida e ressalta que as instituições sociais, dentre elas a escola, precisam estar comprometidas com a formação cidadã. Cerca de dez anos depois, o papel da escola nesse processo foi descrito nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que se definem como meio de garantir que "a Educação possa atuar, decisivamente, no processo de construção da cidadania".

Cabe à escola, portanto, formar pessoas bem informadas, críticas, criativas e capazes de avaliar sua condição socioeconômica, dimensionar sua participação histórica e atuar decisivamente na sociedade e na economia. E isso se faz quando todos os professores cumprirem o dever de ensinar os conteúdos curriculares, a começar por ler e escrever.

Por que perdeu o sentido

 Além das instituições de ensino, participam de forma fundamental na construção da cidadania o governo, as organizações sociais e a família. Interpretações equivocadas sobre a função de cada uma dessas instâncias na formação do cidadão levaram a uma descaracterização do papel da Educação. Outro fator decisivo para a deturpação da idéia foi a falta de um currículo definido em cada rede - detalhando o que ensinar em cada série e disciplina -, o que tem levado muitas escolas a trabalhar sem uma proposta pedagógica clara e objetiva. Para completar, muitos professores não fazem um planejamento focado nos conteúdos de cada área.

No livro Escola e Cidadania, o sociólogo suíço Philippe Perrenoud provoca: "De que serve aprender princípios cívicos ou detalhes da organização do Estado quando não se consegue ler o texto de uma lei?" Para o educador, a formação da cidadania passa pela "construção de meios intelectuais, de saberes e de competências que são fontes de autonomia, de capacidade de se expressar, de negociar, de mudar o mundo".

Esse esvaziamento da função primeira da escola gerou uma série de atividades sem foco na aprendizagem que, supostamente, têm o objetivo de despertar a cidadania e provocar a conscientização de crianças e jovens. Dentre essas situações têm destaque as campanhas e os projetos sobre meio ambiente, diversidade cultural e violência. "É enorme o número de projetos enviados ao Prêmio Victor Civita Educador Nota 10 com o objetivo de despertar a consciência ambiental e o respeito pelas diferenças com a justificativa pura e simples de que são importantes para a formação do cidadão", conta Regina Scarpa. O que os alunos aprendem, efetivamente, ao fim de um trabalho desses? Se a proposta apresentada é recolher material reciclável, a turma vai aprender a recolher material reciclável, e o objetivo de um projeto não pode ser só esse.
Extraído da Nova escola

CORA CORALINA

Biografia


Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas, 20/08/1889 — 10/04/1985, é a grande poetisa do Estado de Goiás.

Se achava mais doceira do que escritora. Considerava os doces cristalizados de caju, abóbora, figo e laranja, que encantavam os vizinhos e amigos, obras melhores do que os poemas escritos em folhas de caderno. Só em 1965, aos 75 anos, ela conseguiu realizar o sonho de publicar o primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas viveu por muito tempo de sua produção de doces, até ficar conhecida como Cora Coralina, a primeira mulher a ganhar o Prêmio Juca Pato, em 1983, com o livro Vintém de Cobre – Meias Confissões de Aninha.

Nascida em Goiás, Cora tornou-se doceira para sustentar os quatro filhos depois que o marido, o advogado paulista Cantídio Brêtas, morreu, em 1934. “Mamãe foi uma mulher à frente do seu tempo”, diz a filha caçula, Vicência Brêtas Tahan, autora do livro biográfico Cora Coragem Cora Poesia. “Dona de uma mente aberta, sempre nos passou a lição de coragem e otimismo.” Aos 70 anos, decidiu aprender datilografia para preparar suas poesias e enviá-las aos editores. Cora, que começou a escrever poemas e contos aos 14 anos, cursou apenas até a terceira série do primário. Nos últimos anos de vida, quando sua obra foi reconhecida, participou de conferências, homenagens e programas de televisão, e não perdeu a doçura da alma de escritora e confeiteira.

Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.


Aninha e suas pedras

Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede
.

Extraído da Nova escola